quinta-feira, 5 de julho de 2012

Isso já aconteceu e irá acontecer de novo...

Existem aqueles que acreditam que a vida aqui começou lá fora, nos confins do universo, com tribos de humanos que podem ter sido os antepassados dos egípcios, dos toltecas ou dos maias. Que eles teriam sido os arquitetos das grandes pirâmides ou que teriam feito parte das civilizações antigas de Lemúria ou Atlântida...

É sempre duro dar adeus à uma série que desperta paixões e levanta tantas questões atuais e relevantes como Battlestar Galactica fez, por isso não foi à toa que levei algumas boas horas para conseguir escrever esse texto. Daybreak – título do último episódio - , premiou os fãs com um final cheio de tudo que a série sempre teve de mais atraente: cenas de ação e batalhas empolgantes, diálogos ricos e repletos de significados, e muita, mas muita emoção. Também não faltaram choques e surpresas, principalmente por conta de um final que se liga totalmente a um grande mito da humanidade que muitos julgam ser a grande verdade das nossas origens. Depois de quatro temporadas, a série se despediu reforçando a grande questão levantada ao longo da trama: tudo isso aconteceu antes, e tudo isso vai acontecer novamente?

Sem falar na pitada mistica, em relação a Deus, onde muitos crêm numa força maior que impulsiona e os guia diretamente. Outros se predem aos cistumes religiosos dos Senhores de Kobol, onde cada colônia segue um deus da mitologia grega, como Afordite; Apolo; Artemis e etc...

Escrito pelo produtor executivo Ronald D. Moore (o cabeludo que aparece no último ato do episódio lendo a revista na banca - aposto que essa vocês não sabiam), o final de três horas da série respondeu várias questões, mas deixou algumas em aberto dando espaço para interpretações e reflexões. Isso, é claro, acabou despertando a fúria de muita gente que julgava ser fundamental que todas as pontas soltas lançadas no curso da história da série fossem devidamente amarradas. Obviamente, há de se respeitar opiniões, mas para uma série que nunca mastigou explicações ou explorou obviedades, o final foi excelente.

Fiquei realmente impressionado com o conteúdo e o caminho que a série seguiu! Mesmo sendo Trekker Maníaco, eu considero Battlestar Galactiga Reemaginada, se podemos chamá-la assim, a melhor série de ficção já produzida nos últimos anos. Superou até minha paixão por Star Trek (mas ainda amo ST, tá)!

Voltando às pontas soltas... E daí se não tivemos uma explicação minimalista para o que aconteceu com Starbuck e o que ela era (o principal ponto de discórdia nos fóruns e blogs dedicados à série)? O que me parece falho no julgamento enfurecido de alguns fãs é que independentemente da resposta que fosse dada, muitos continuariam insatisfeitos da mesma forma. Como muita coisa na vida, há certos mistérios para os quais não existe uma resposta. Com isso em mente, posso dizer com muita tranquilidade que particularmente gostei que tenham deixado essa ponta solta para que reflitamos e imaginemos o que ela era afinal. E para mim, ela era o elo de ligação da força maior invisível, mas sentida por todos! A mesma força que Baltar cita numa das melhores cenas do episódio, aquela na sala de comando em que humanos e os cylons tiranos liderados por Cavil decidem dar uma chance à trégua.

No fim, a missão da inesquecível Kara “Starbuck” Trace era levar os últimos humanos e cylons rebelados à verdadeira Terra, à nossa Terra, e não àquela destruída por um apocalipse nuclear, e se ela era ‘simplesmente’ um anjo ou não, fica à critério de cada um. Eu acho que era um anjo - Um anjo da morte que ofereceu à humanidade, uma nova vida... uma nova chance... um recomeço!

Ao explorar abertamente a ideia defendida no livro “Eram os Deuses Astronautas?”, o final da série (e da saga dos últimos humanos do universo), surpreende ao homenagear a original produzida em 1978 cuja abertura tinha a narração que reproduzi no início do texto. De todos os possíveis finais, e apesar das dicas, eu jamais imaginara que Ron Moore e cia fossem de fato trilhar o caminho de ligar a história daqueles personagens à nossa. E querem saber? Por mais que alguns digam que esse final não foi original e etc, vou para sempre bater palmas para os caras que ousaram ao longo de cinco anos, construir entretenimento de altíssima qualidade, levantando questões que falavam de política, religião e filosofia como nenhuma outra série jamais fez.

Battlestar Galactica se despediu, mas deixou em mim a certeza de ter experimentado uma viagem rica, divertida e que fez pensar. Afinal, estamos ou não fadados a repetir ciclos? As guerras de egos, o egoísmo, o consumo desenfreado e o distanciamento e consequente isolamento do homem cada vez mais refém da tecnologia serão os nossos “cylons”? A resposta para isso eu não sei, mas se uma série de ficção científica provoca tamanha reflexão, não preciso de outras provas para concluir que sua importância para a história da tv será inegável. Obrigado Battlestar Galactica.

So say we all

2 comentários:

  1. So say we all!
    Eu acabei de assistir a série (webisodes e telefilmes tbm) e fiquei com algumas dúvidas, será que alguém poderia me ajudar?
    Além da dúvida de WHAT THE FRAK era Kara Thrace (essa daí foi intencional dos roteiristas, pelo que li numa entrevista) eu não entendi como Saul Tigh foi inserido na Terra pelo Cylon nº1. Porque Bill Adama o conhece há mais de 30 anos (quando ainda tinha cabelo), e ele envelheceu nesse período. Mas não faz sentido ele ter inserido apenas ele e Ellen nessa época e os demais depois (Galen, Tory e Sam aparentam serem novos para já serem adultos 30 anos antes). Não entendi qual foi a intenção, ou como isso se desenrolou. Alguém pode me ajudar?

    ResponderExcluir